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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Futuro duvidoso para esporte brasileiro na Rio-2016

     A despeito do reforço de estímulo e de investimento provocados pela realização dos Jogos em casa, o Brasil tem, a menos de um ano para o início do evento, desempenho inferior ao que apresentava, nesta mesma época, em cinco dos nove esportes em que conquistou as 17 medalhas do país em Londres-2012. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) trabalha com a meta ousada de ver atletas brasileiros no pódio por 30 vezes ao longo dos 18 dias de competição. Porém, o objetivo parece cada vez mais distante.
     O mais preocupante é o judô, que faturou quatro medalhas em Londres, uma delas de ouro, com Sarah Menezes, na categoria até 48 kg. Um ano antes, no Mundial de Paris, o Brasil obtivera seis medalhas, sendo três de prata e outras três de bronze. Neste ano, no Mundial de Astana, no Cazaquistão, o desempenho frustrou atletas e dirigentes: duas medalhas de bronze. No ciclo de Londres, metade dos atletas medalhistas no Mundial de 2011 ficaram entre os três primeiros nas Olimpíadas.
     — Acredito que dê para nós trabalharmos e sairmos dessa faixa de 50% (no mundial) para mais. No nosso caso, 50% de dois (Victor Penalber e Erika Miranda), seria um. Um só medalhista em 2016 seria algo muito ruim. Temos de contrariar esta estatística. Temos que evitar que eles se sintam inseguros, mas também é preciso deixá-los fora da zona de conforto — explicou o gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson.
     Na outra ponta, a vela, que conquistou apenas um bronze em Londres, com Robert Scheidt, agora aparece com um desempenho melhor. De acordo com a Confederação Brasileira, aliás, um rendimento inédito: desde 2013, três títulos mundiais em três classes diferentes e quatro medalhas em uma única edição da Copa do Mundo de Vela, que ocorreu na França. Apesar disso, é preciso lembrar que houve só uma medalha brasileira na forte Regata Internacional de Vela, que serviu de evento-teste para os Jogos.
     — Os resultados ocorreram no auge da temporada. Existe uma demonstração de evolução técnica e de resultados da equipe, que se renovou e ainda mantém atletas mais experientes em alto nível. O Robert Scheidt e a Fernanda Oliveira ainda estão bem. Já a Patrícia Freitas é muito jovem — afirma Daniel Santiago, diretor técnico da confederação de vela.
     Se nos tradicionais carros-chefes de medalhas a situação é essa, nos que tiveram brilho pontual em Londres a situação é de constante para baixo. No boxe, que deu ao Brasil três medalhas em Londres, o desempenho também é pior. No Pan de Guadalajara, foram sete medalhas, cinco de bronze e duas de prata. Em Toronto, 2015, foram apenas duas de bronze. Outro revés é a ausência dos irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, que se profissionalizaram.
     — Temos uma rapaziada boa. Em Londres, tínhamos um destaque, que era o Esquiva, e tivemos duas surpresas. O boxe é muito dinâmico. Muita coisa pode acontecer durante a competição — avalia o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro Silva.

Natação de olho no ranking

     No caso da natação, embora tenha conquistado quatro medalhas no último mundial, em Kazan, na Rússia, o Brasil não faturou ouro e César Cielo foi para casa mais cedo com dores no ombro esquerdo, problema que pode atrapalhar tanto sua preparação quanto o próprio desempenho no Rio. Em 2011, Cielo faturou duas das três medalhas de ouro do país no Mundial. No entanto, Ricardo de Moura, gerente-executivo da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, acredita que o mais importante é ter o maior número de atletas entre os 10 melhores em cada categoria.

     Na ginástica, Arthur Zanetti, campeão olímpico de 2012, se mantém no topo. É campeão mundial e do Pan de Toronto-2015. No pentatlo moderno, Yane Marques, que superara as expectativas em 2012, foi ouro no Pan e bronze no Mundial. Está em quinto no ranking.
    — A conta final é a de que são cerca de oito atletas femininas que podem ganhar medalhas em 2016. Foi o que ocorreu antes de Londres-2012. Não há como dizer quem vai ser medalhista. Mas a Yane está no caminho certo — analisou o tenente-coronel Alexandre França, técnico de Yane.


Matéria: oglobo.globo.com

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